Taiwan desempenha um papel fundamental na fabricação de chips avançados, que servem de base para tecnologias como inteligência artificial, smartphones e veículos elétricos.
Portanto, além da tragédia humanitária, analistas calculam agora os impactos econômicos na cadeia de suprimentos global a partir desse terremoto, que já é considerado o maior dos últimos 25 anos.
O abalo sísmico provocou interrupção em algumas operações para inspeções das instalações e realocação de funcionários nas fabricantes de chips UMC e Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), essa última a responsável por boa parte da produção de chips e semicondutores do planeta, fornecedora da Apple e da Nvidia.
Segundo a Reuters, passado o terremoto e após algumas horas de inspeções, a TSMC informou que os seus trabalhadores estavam seguros e regressaram aos seus locais de trabalho. Com isso as instalações afetadas deveriam retomar em breve a produção. Mas os prejuízos não foram detalhados.
Mesmo assim, especialistas do mercado temem agora os impactos no curto prazo, como níveis mais baixos de estoque de chips entre os clientes, por exemplo.
“A destruição de uma fábrica de chips é relevante porque altera a curva de oferta e demanda e, logicamente, aumenta os preços”, alerta Christopher Mendonça, que também diz que “não dá para saber com antecipação os valores e variações, mas o cenário que observamos é de grande importância”.
Durante a pandemia de Covid-19, um dos gargalos da cadeia de produção global foi a distribuição de semicondutores, que tem a produção concentrada em Taiwan. H
á uma expectativa pela abertura de fábricas em outros países, mas por enquanto o risco ainda é alto, já que esta é uma região sujeita a desastres naturais e ainda sofre pressões geopolíticas.
Para o economista e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena, se houver um conflito entre China e Taiwan, de modo que essas empresas não possam produzir por falta de energia elétrica causada por terremotos ou pela própria questão militar, o mundo inteiro vai sentir um impacto inflacionário e até mesmo a falta de produtos de tecnologia, como computadores e celulares.
“O mundo está um pouco refém da alta tecnologia, quando a gente fala dos problemas de Taiwan, por isso esse talvez seja um território geopoliticamente mais crítico, muito mais do que Israel ou Ucrânia”, alerta Lucena.
